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Racismo e resistência do povo negro marcam Dia Nacional da Denúncia contra o Racismo

Evento contou com a participação de comunidades quilombolas paraibanas e da pedagoga e consultora Benilda Brito
publicado: 15/05/2023 17h21 última modificação: 16/05/2023 07h49

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O dia 13 de maio foi historicamente ensinado nas escolas como um dia de celebração, para comemorar a abolição da escravatura, promulgada pela Princesa Isabel. Ao longo dos anos, os grupos do movimento negro e historiadores buscam deslocar essa discussão e ressignificar a data, instituindo assim o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo.

Para refletir sobre os impactos que a escravidão causa até hoje nas tensões raciais do país, o Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (13ª Região) convidou na última sexta-feira (12) as comunidades quilombolas de Mituaçu e Ipiranga, de Conde, e de Paratibe, em João Pessoa, para ocuparem o Tribunal Pleno no evento “TRT-13 em Diálogos – Aquilombar é preciso!”. O encerramento da manhã ficou a cargo da pedagoga e CEO da Múcua Consultoria, Benilda Brito.

O presidente do TRT-13, Thiago Andrade, fez a abertura do evento, que teve como objetivo principal discutir as pautas relacionadas às tensões raciais da sociedade brasileira. "O meu papel enquanto branco na sociedade é ser um aliado. Não posso falar sobre racismo com propriedade, pois não sofro na pele a discriminação, mas tenho a obrigação de amplificar as vozes de pessoas que falam sobre isso", enfatizou.

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A agente de Direitos Humanos da Gerência Executiva de Igualdade Racial da Secretaria Estadual da Mulher e da Diversidade Humana (Semdh), Jadiele Berto, alertou sobre os mecanismos de desumanização que a população negra sofre até hoje. “Não existe um país de democracia racial em que morre um jovem negro a cada 23 minutos, quando a cada 23 minutos uma família é destruída. Falamos de uma abolição inconclusa porque ela veio sem reparação, sem mecanismos para assegurar a reinserção do negro após sua libertação”, afirmou.

Na sequência, o grupo de coco de roda Novo Quilombo, da comunidade quilombola Ipiranga, de Conde, fez uma apresentação de dança e música tradicionais no auditório do Tribunal Pleno. O espaço normalmente ocupado por desembargadores e advogados virou um palco de performances artísticas. Em determinado momento, até mesmo o presidente do TRT-13 e autoridades representativas de órgãos do poder público entraram na dança, formando uma ciranda que circulou todo o auditório.

Após o momento lúdico de celebração, foi formada uma roda de conversa com lideranças femininas de comunidades quilombolas paraibanas: Ana Lúcia, do quilombo do Ipiranga; Joseane Pereira, do quilombo de Paratibe; e Geilsa Paixão, da comunidade quilombola de Mituaçu. Foi um momento em que elas puderam compartilhar com o público a missão que carregam em preservar a unidade de suas comunidades, as adversidades que enfrentam no processo e refletir sobre como o racismo instaurado na sociedade cria barreiras para o povo negro brasileiro. 

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Por fim, a pedagoga e consultora de diversidade, inclusão e equidade, Benilda Brito, foi a responsável por fazer uma exposição que ajuda a ilustrar os motivos pelos quais o dia 13 de maio deve ser um momento de luta e denúncia, e não de celebração. “Para nós, negros e negras no Brasil, a abolição da escravatura nunca aconteceu. Se o Brasil foi o país que mais invade o continente africano e o último país a abolir a escravidão, em 1888, e não cria nenhuma medida alternativa, nenhuma ação reparatória, nenhuma ação afirmativa de inclusão do povo negro na sociedade brasileira, o que significou essa abolição?”, apontou.

Benilda ressalta a potência do povo negro e sua contribuição para a formação do Brasil, seja com a mão de obra nas plantações de algodão e cana-de-açúcar, no garimpo de ouro e até no capital intelectual, contribuindo para a engenharia e a arquitetura do país – créditos que são apagados ao longo da história. “Esse povo que sai da escravidão sem perspectiva, sem projeto de vida, sem acesso á escola, sem saneamento básico, sem saúde, sai da senzala e vai par as favelas. Sobrevivemos à nossa própria sorte”, salientou.

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André Luiz Maia
Assessoria de Comunicação Social TRT-13

 

 

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