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Oficina de Letramento debate racismo e machismo estrutural
O TRT da Paraíba (13ª Região) vivenciou um dia inteiro de debate e reflexão para discutir e conscientizar sobre o racismo e o machismo estrutural em nossa sociedade. A Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica da Paraíba (ABMCJPB) promoveu, nesta quarta-feira (30), a segunda edição da Oficina de Letramento Antirracista e Antimachista, no auditório do Pleno do TRT-PB, um dos parceiros da iniciativa, juntamente com o Núcleo de Extensão Popular - Flor de Mandacaru, vinculado à Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
A iniciativa buscou conscientizar estudantes, juristas, jornalistas e o público em geral sobre os efeitos da repetição inconsciente de frases, gestos e expressões que perpetuam tanto o racismo quanto o machismo. Representando a presidente do TRT-PB, a juíza Maria das Dores Alves enfatizou a importância de discutir temas tão complexos. “A Justiça do Trabalho está consciente e comprometida com toda e qualquer ação tendente a concretizar ações de letramento e capacitação do seu público interno, do seu público externo e, portanto, de toda a sociedade. Capacitação indispensável para lidar com o racismo e com o machismo, questões que sabemos densas, profundas e delicadas, mas que precisam ser enfrentadas e colocadas no centro das discussões, pois são problemas estruturais que afetam profundamente a sociedade”, destacou.
A presidente da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica da Paraíba, Carla Felinto, agradeceu a parceria com o TRT-PB. “Minha fala é para agradecer a oportunidade de realizarmos esse segundo letramento. Esse evento para nós da associação é uma semeadura. Nós ouvimos, vivenciamos e assistimos o machismo e o racismo. Então nós vivemos na luta contra isso e é uma alegria realizar este segundo letramento em parceria com um tribunal tão importante, que vem desenvolvendo causas sociais de extrema importância”, frisou.
Participaram, também, do evento a defensora pública geral do estado da Paraíba, Maria Madalena Abrantes; a desembargadora do Tribunal de Justiça da Paraíba, Lilian Cananéa; a representante da Associação das Esposas dos Magistrados, Vanessa Barbosa; a secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura; a coordenadora de promoção da igualdade racial do município de João Pessoa, Carla Uedler; e o mandato da deputada Cida Ramos.
Mesas de debate
Três eixos centrais orientaram as discussões: “Educação”, “Segurança e Violência” e Saúde, com mesas compostas por ativistas, pesquisadores, juristas e representantes de movimentos sociais.
A primeira mesa trouxe o tema Educação (mecanismos institucionais e não institucionais de garantia de uma educação antirracista na Paraíba), mediada pela professora da UFPB e membro associada da ABMCJ-PB, Adriana Torres. A Mesa contou com a participação do professor Dr. Diego Reis; do ativista dos direitos humanos, Felipe Tavares; da vereadora de Campina Grande, Jô Oliveira; do juiz do trabalho e membro do comitê gestor nacional do programa de equidade de raça, gênero e diversidade, André Cavalcanti; e da fundadora da Casa das Benvenutty e líder do Movimento Trans, Gabriella Benvenutty.
“A minha luta como homem branco, mas um juiz gay, é também uma luta de semear e esperar colher. Dentro de tudo que foi falado aqui, da estrutura de uma sociedade patriarcal, machista, misógina, preconceituosa, transfóbica, ser um juiz declaradamente gay não é fácil. É claro que essa posição me confere privilégios e segurança, eu tenho plena consciência disso. Mas assim como vocês trazem essa luta para naturalizar o espaço das mulheres, das mulheres negras, das pessoas trans e travestis, eu também tenho feito disso uma causa de vida”, destacou o juiz do trabalho e membro do comitê gestor nacional do programa de equidade de raça, gênero e diversidade, André Cavalcanti.
Segurança e Violência (como a Justiça Racial pode ser mobilizada no combate à violência contra a população negra?) foi o tema da segunda mesa, mediada pela advogada e tesoureira membro da ABMCJPB, Sheila Lucena, e Eraldo Júnior, integrante do Projeto Assessoria Jurídica Popular e Lutas Antirracistas. A mesa trouxe o deputado federal pelo estado do Paraná, Renato Freitas; a professora da UFPB e coordenadora do NEP - Flor de Mandacaru, Bruna Soares; o professor de Direito Penal da UFPB, Herry Charriery; a graduanda em Direito e do membro Movimento Hip Hop da Paraíba, Djully Bernardo; e o membro do Conselho do Observatório Paraibano Antirracismo e da Marcha da Negritude Unificada da Paraíba, Leonardo Silva.
Para finalizar, a última mesa trouxe o tema Saúde e Racismo (como as instituições podem atuar na promoção dos direitos das populações negras e indígenas?), mediada pela estudante do curso de Direito e extensionista da UFPB, Emily Gabrielle. Para encerrar do dia de debates, a mesa contou com a contribuição da responsável técnica do polo base de saúde indígena em marcação, Nathália Galdino; da doutoranda em saúde pública pelo FIOCRUZ-RJ e autora do livro “Mulherfagia”, Ângela Pereira; e da presidente da comissão de combate ao racismo e discriminação racial da OAB-PB, Jéssica Souza.
Assessoria de Comunicação Social do TRT-PB
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