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Fadiga do Zoom e síndrome de Burnout afetam saúde mental dos trabalhadores em home office, alerta magistrada do TRT-13

Juíza Mirella Cahú abordou impacto do home office na saúde mental durante congresso do Trabalho Seguro em PE
publicado: 14/12/2022 13h25 última modificação: 14/12/2022 13h25

De um lado, flexibilização da jornada, economia de tempo no trajeto casa-trabalho-casa e autonomia na organização do modo de trabalhar. Por outro, estresse e descontrole da atividade, invasão do espaço privado e maior temor do fracasso. Embora o home office tenha suas vantagens, possui riscos específicos que precisam ser manejados para evitar prejuízos. Muitos deles impactam na saúde mental e incluem fenômenos como a Fadiga do Zoom e a síndrome de Burnout. Além disso, pode ocorrer a sobrecarga de demandas de trabalho e privadas, afetando especialmente as mulheres.

O alerta foi feito pela juíza Mirella Cahú, da 4ª Vara do Trabalho de João Pessoa, que também citou planejamento de rotina e pausas ao longo do dia como formas de prevenir os aspectos negativos do teletrabalho. A magistrada abordou o tema “Saúde mental e home office pós-pandêmico: como prevenir acidentes de trabalho?” durante o IX Congresso Pernambucano do Trabalho Seguro, realizado este mês em Recife, e enfatizou aspectos como ambiente do trabalho, psicodinâmica do trabalho e saúde mental e trabalho.

De acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil possui 20,8 milhões de pessoas que podem utilizar o home office, o que corresponde a 22,7% dos postos de trabalho. De maio a novembro de 2020, 8,2 milhões de brasileiros estavam atuando no teletrabalho, segundo aponta o instituto. “A ideia foi parar para refletir sobre o que todos nós vivemos quando abruptamente fomos colocados em home office e a necessidade de analisar os fatores estressores e essa nova dinâmica de trabalho à luz da construção teórica da psicodinâmica do trabalho”, explicou a magistrada.

Entre as principais queixas dos trabalhadores em teletrabalho estão a intensificação de sentimentos negativos, que contribuem para buscar ajuda relacionada a ansiedade e depressão, estresse financeiro e estresse no trabalho. Outras reclamações incluem, também, reuniões intermináveis, síndrome de burnout, dores crônicas e insônia ou má qualidade do sono.

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Juíza Mirella Cahú abordou o tema “Saúde mental e home office pós-pandêmico: como prevenir acidentes de trabalho?” no Congresso Pernambucano do Trabalho Seguro

Fadiga do Zoom

Um estudo publicado pelo laboratório de interação humana da Universidade de Stanford aborda um fenômeno denominado “Fadiga do Zoom”. Trata-se de outra fonte de estresse provocada pelas interações mediadas por ferramentas de comunicação por vídeo. As interações passam a ser muito próximas, por meio de um mosaico de rostos, dificultando a captura da linguagem não verbal e aumentando a exposição, especialmente a da própria imagem, que fica sob escrutínio alheio.

Neste sentido, autocrítica constante pode ser estressante, já que estamos expostos a reflexos de si mesmos com uma frequência e duração sem precedentes. Além disso, o esforço de comunicação é mais árduo”, apontou a magistrada.

Como prevenir

Diante das diversas repercussões negativas no âmbito da saúde mental, a juíza Mirella Cahú fez algumas recomendações para os trabalhadores que estão em home office. Entre elas estão o planejamento da rotina, com horários regulares para acordar, dormir e fazer as refeições e fazer pausas a cada hora para andar e beber água. “É importante, também, identificar se surgem sentimentos ou pensamentos negativos, além de atentar para os períodos de trabalho e não trabalho e buscar formas de distração, a exemplo de atividades físicas e leitura”, enumerou.

Para advogados, magistrados e servidores que atuam em teletrabalho, a magistrada recomendou o planejamento de rotinas, com ajustes de comportamento sobre contatos e comunicação, intervalos entre audiências e tempo de uso do zoom e definição de tempo de trabalho e teletrabalho. “Além disso, é importante fazer um trabalho pedagógico de compromissos processuais e postura em videoconferência e ter em mente a sacralidade do tempo de não trabalho”, frisou.

Neste sentido, os gestores também precisam ficar atentos aos comportamentos dos trabalhadores, a exemplo de ficar muito com a câmera desligada nas reuniões e não interagir com equipe. Outros sintomas que devem servir como alerta são o semblante triste e inexpressivo, a falta de cuidado com a aparência, quando alguém prezava por isso, discursos e falas tristes e queda de produtividade. “Por isso, é preciso manter e reforçar os canais de diálogo, participar de aspectos práticos da vida pessoal do trabalhador e promover capacitações voltadas às necessidades dos trabalhadores e a gestão do home office”, salientou.

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Dra. Mirella Cahú com a Juíza Ana Maria Aparecida de Freitas e o Desembargador Fábio André de Farias - gestor regional do programa Trabalho Seguro

O evento

Com o tema “Trabalho num Mundo em Transição: Novas Perspectivas Sobre a Sinistralidade no Meio Ambiente Laboral”, o IX Congresso Pernambucano do Trabalho Seguro propõe um estudo sobre as novas perspectivas para a sinistralidade e o meio ambiente laboral, em um contexto de um mundo em transição. O objetivo é debater sobre aspectos do trabalho em um cenário pós-pandêmico e como o mercado de trabalho vem se amoldando e reagindo a essa nova realidade.

O evento, organizado pelo TRT da 6ª Região e o Getrin 6, em parceria com a Faculdade Frassinetti do Refice (Fafire), foi voltado a magistrados e servidores da Justiça do Trabalho, bem como advogados, empresas e organizações sociais.

Celina Modesto
Assessoria de Comunicação Social do TRT-13