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"Trote em servidor novato", pelo Juiz Paulo Roberto Vieira Rocha (VT Sousa-PB)

publicado: 07/11/2013 11h18 última modificação: 30/09/2016 10h11

Dia 17.04.90, 3ª Junta de Conciliação e Julgamento de João Pessoa, r. Desembargador Souto Maior, bairro Tambiá. O ambiente era um antigo casarão amarelo, num terreno bastante inclinado, cheio de escadas, quando não estava ainda tão disseminado o conceito de “acessibilidade”. Tinha 21 anos de idade e mesmo assim chegava cansado e suado depois de subir algumas rampas e diversos degraus de escada.

Estudante do curso de Administração, conhecia mais sobre tênis sobre corrida do que Processo do Trabalho. Calouro total, mesmo depois do concurso público.

O Presidente da Junta era Dr. Raimundo de Oliveira.

Era meu primeiro dia de trabalho no cargo de Auxiliar Judiciário. Diante de uma ausência momentânea do então Diretor de Secretaria (nascido em Patos, hoje Juiz do Trabalho), este coitado subscritor caiu na besteira de perguntar ao Diretor Substituto o que deveria fazer com 8 primeiros volumes de um processo, já que o despacho que acabara de datilografar ficava no volume 9. A propósito, o tal Diretor Substituto é um grisalho barbudo que atualmente trabalha no CEMA, gosta de equipamentos de som e iluminação e tem um nome de procedência que me parece italiana.

Pois bem, depois de minha indagação, não deu outra. A ordem foi: “jogue no lixo. Esses volumes anteriores não prestam mais para nada. O volume que tá valendo agora é só a partir do 9º”.

Obediente, disciplinado e totalmente perdido, cumpri a determinação e enfiei tudo na lata de lixo que havia ao lado da mesa do diretor. Tive que forçar um pouco, pois quase não cabia tudo.

Quando da volta do Diretor Titular, este indagou o que estava acontecendo. “Quem colocou o processo no lixo?” Não deu outra: gargalhada geral. “Foi o servidor novato”.

Para me defender, apenas disse: “obedeci às ordens do chefe, ora”. Como não sabia nem o que era um processo direito, nem havia estudado nada sobre diversos volumes de um processo, aqueles volumes todos também não faziam o menor sentido para mim. Acreditava piamente que estava fazendo a coisa certa.

Tomara que, com o advento do processo eletrônico e do PJE, essa situação não mais se repita com os pobres coitados e ingênuos servidores novatos vindouros.

Ainda bem que o primeiro dia de trabalho só acontece uma vez.