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Sousa: juiz implanta práticas de integração com a população

Juiz Paulo Roberto Vieira Rocha vai ao Fórum de bicicleta
publicado: 16/07/2013 09h21 última modificação: 30/09/2016 10h10

Quando foi morar na cidade de Sousa, no alto sertão da Paraíba, há dois anos, o juiz do trabalho, Paulo Roberto Vieira Rocha, decidiu buscar maior integração com a comunidade. Implantou práticas eficazes de estreitar esse relacionamento e uma delas foi a conversa direta com a população. Tem um quadro mensal de meia hora na rádio Líder FM, dentro programa dos radialistas Jucélio Almeida e Eugênio Rodrigues, denominado “Pergunte ao Juiz do Trabalho”. A participação acontece ao vivo e com telefone aberto para interação com o povo.

Decidiu que, não estando em audiência, recebe a todos, do trabalhador, ao empresário, advogados e agentes públicos. “Todos os servidores já conhecem essa recomendação, que acontece sem nenhuma burocracia ou empecilho. Como o clima nestas conversas é de extremo respeito, não temos registro de nenhum confronto ou qualquer outra situação de animosidade”, disse Paulo Rocha.

O magistrado decidiu que não levaria automóvel para a cidade. Usaria uma bicicleta para se locomover para o Fórum, para ir às compras, passear ou a ir a qualquer outro ponto da cidade. Conta que esse já foi um diferencial para intensificar o bom convívio com a comunidade. Diverte-se contando que no início foi barrado pelos seguranças do Fórum, que não imaginavam que o juiz pudesse chegar ao trabalho pedalando.

Paciência e conciliação

Nos primeiros dias de atuação na Vara do Trabalho de Sousa como juiz titular implantou uma sala específica para conciliação. É um ambiente separado, sem computadores ou móveis que traduzam a formalidade de uma sala de audiência. Segundo o juiz, neste ambiente a palavra mágica é 'paciência'. A figura do juiz desaparece e passa a atuar o mediador.

Em alguns casos o próprio juiz liga para o empresário convidando para uma conversa com o trabalhador, sempre na companhia dos advogados. “Dá muito mais trabalho e é uma atividade que requer muita energia. Os resultados, porém, são animadores e gratificantes”, pontuou. Além disso, com um acordo formalizado no início da ação, o desenrolar no futuro é prático, simples e rápido. “Temos o processo resolvido, que é o que queremos”.

Dezenove municípios

A Vara do Trabalho de Sousa tem cerca de 1.500 processos e jurisdição (extensão territorial em que atua um juiz) sobre 19 municípios da região do sertão. São 11 servidores em uma equipe liderada pelo diretor de secretaria Welton da Silva Mangueira. “É uma equipe coesa, motivada e em constante busca de melhoria. O respeito é a base do nosso relacionamento”, disse Mangueira, destacando o papel fundamental exercido pelo diretor da unidade. A equipe está sempre junta até mesmo na hora das refeições. Todos os dias da semana o juiz almoça com os servidores.

Paulo Roberto Rocha faz questão de mostrar as dificuldades enfrentadas no dia a dia. “Temos vários pontos que precisam ser melhorados em relação a tramitação processual. Estamos sempre procurando corrigir nossas falhas, resolver problemas de atrasos. Só que a nossa busca pela melhoria é contínua e isso tem ajudado muito”, disse, lembrando que em relação ao número de processos trabalhistas, a Vara de Sousa é difícil. São cerca de 800 novas ações por ano, somadas às que continuam em tramitação.

Carreira escolhida por vocação

Uma curiosidade é que quando Paulo Rocha entrou para a magistratura, no ano de 2001, atuou como juiz substituto inicialmente em Sousa, cidade pela qual já ganhou afeição. “Minha origem é sertaneja e isso facilita muito. Percebemos aqui, claramente, o respeito que as pessoas têm no tratamento umas com as outras”.

Paulo Roberto Vieira Rocha define-se como um privilegiado. “Sempre quis ser juiz do trabalho, e estar exercendo a magistratura hoje é um privilégio. Então busco fazer meu trabalho da maneira mais prazerosa possível, conversando com as pessoas e imprimindo um ritmo onde a busca pela melhoria é meta diária”, finalizou.